sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Segredo

Naquela que eu amo tanto,
eu vejo, juro que vejo
leve sorriso um encanto,
marcante suave santo
dulcificante desejo,
nos lábios de um querubim.

Em boca que o amor assumes,
livra esse abismo de mim
marcam esse abismo os ciúmes,
amargurando-me sim
Nessa boca umectante,
essa boca que me fala
linda, rubra e distante,
mas não sabe um peito amante,
adora-a demais e cala
no silêncio que me assiste
eu penso, eu juro e ainda penso,
e lembro você existe.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Tragicomédia

O palco da vida em que encenas a comédia
será em pouco tempo transmudado em tragédia.
Pois os vergéis floridos em que eras firmado,
em cruciante geena agora é transformado.

Ó crisóstomo orador,
que profligava teus rivais mais nobres,
porque teus verbos estão pobres?
Delinqüiste caro amigo,
ao traidor o mais cruel castigo

é a tua vez que chega, retira a fantasia,
desfaça a máscara, a sala está vazia.
Serás um supérstite conculcado,
precito fementido por todos evitados.
A tua empáfia te fará percluso,
o teu viver será por mais abstruso.

...mas, quando a dor te advir um dia,
dirás: "Nocente eu fui, amigo, mas não sabia
salva-me por Deus, tem compaixão!
e eu compadecido, te estenderei a mão.



domingo, 2 de setembro de 2007

DUPLANDO MÁRCIA - II

Que canto há de cantar o que perdura?
A sombra, o sonho, o labirinto, o caos ?
A vertigem do ser, a asa, o grito?
Que mito, meu amor entre os lençóis,
O que tu pensas? O amor é muito mais.
Que canto há de cantar o indefinível
O toque sem tocar, o olhar sem ver
A alma,o amor entrelaçado dos indescritíveis Como te amar sem nunca merecer?

Que canto há de cantar o que perdura?
Minha mente insana, sua alma pura?
U'a boca muda borbotando palavrões,
Corpos extenuados, elastecidos corações
Os cantares emergentes abafados pelos panos
Não se findam nos duetos "molto forte"
Se espraiam por dias, meses, anos...
"Duplando" com o amor,ultrapassamos até a morte.
O amor não se define, o gozo não se explica. Inexplicáveis sensores, invisíveis cores, Insensíveis dores, inaudíveis cantores.

Que canto há de cantar o indefinível:
A jaculatória Márcia invisível?
Que canto há de cantar o que perdura:
O espostejado Jorge que procura?

Que canto cantaremos... amor?

sábado, 1 de setembro de 2007

M I S T É R I O

Sem saber por que,
nasceu.
Chorando, sorrindo, alegre,
tristonho, cresceu.
Não conseguiu compreender.
Se sorria falavam,
se chorava censuravam,
viveu.

Sem saber a razão,
amou
Sem conhecer a causa,
sofreu
Sem saber por que,
morreu.

Alguém, sem entender o enterrava,
Um outro, sem saber por que, chorava.
Enquanto ali bem perto nessa hora,
sem saber por que, alguém nascendo,
chora.

TRANS...

Foi bom você ter vindo, foi bom você chegar,

foi bom ter lhe esperado, é bom poder amar.

Sonhava, divagava... sem rosto, sem corpo: Virtual

Transfez-se em carne, lhe sinto, é real

A volúpia que me abrasa, é diosa

Lateja minha jóia preciosa

que suplica sua estada no meu chão

O sentimento que aflora, me devora

Entumescedo-me as entranhas, me enchendo de paixão.

Meu ser lhe implora: Me inunda com seu gozo

Ocupa meus espaços, me prende nos seus braços.

Cresce, aviva minhas manhas,

me resplende, acalma minha sanha.

Só você atende aos meus anseios,

só você sabe manipular meus seios,

só você sabe me dizer os ditos,

só você sabe me levar aos gritos.

Serpeja sua língua no meu corpo,

esculpe minhas formas em sua mente,

registra meu relevo como os sente.

Ah! Sussurra aos meus ouvidos seus anelos,

anodia meu amor nos paralelos.

Minha flor dipétala, já úmida e quente,

soabrindo-se majestosa, palpitante,

espera o precursor, preexistente

seu único senhor, escravo, meu amante.

Enraiga seu tronco no meu solo,

suave, sem atrito, como o frolo.

Sê bem-vindo, vem, meu hímem diz:

Traspassa essa neblina, me faz feliz.

Os meus internos inocentes, agora fremem

à espera, do seu grito, do seu gozo, do seu sêmem.